A chegada dos europeus ao Rio de Janeiro é um evento histórico cheio de curiosidades. Por isso, para celebrarmos o aniversário da cidade, que acontece hoje, dia 1º de março, vamos te contar algumas delas!
Inegavelmente, a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro fez com que a cidade tenha se tornado um importante berço dos imigrantes no Brasil, uma vez que muitos adotaram nosso país como sua segunda pátria e foram de grande importância para a miscigenação e pluralidade cultural do nosso país.
Entretanto, se você não sabe dizer como tudo isso começou fique tranquilo, pois preparamos um breve resumo sobre essa história.
O início do Rio de Janeiro
As curiosidades sobre a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro já começam por aqui, pois a primeira expedição exploratória europeia a chegar ao Rio de Janeiro foi liderada pelo português Gaspar de Lemos, em janeiro de 1502. Devido ao fato de atracarem na baía da Guanabara em 1º de janeiro, acreditando ser um grande rio, o local recebeu o nome de Rio de Janeiro.
A colonização começou de fato em 1531 com o desembarque de Martim Afonso de Souza e foi impulsionada pelas ameaças francesas, holandesas e inglesas. A área do Estado do Rio de Janeiro foi entregue a ele em 1534.
Em 1555, os franceses conseguiram invadir a região da baía da Guanabara e competiam diretamente no comércio madeireiro. Em 156,5 a Coroa portuguesa começou a reagir contra esse ataque e em 1567, os franceses foram expulsos.
Em 1.º de março é fundada a segunda cidade do Brasil: São Sebastião do Rio de Janeiro. Por estar sob o comando de Estácio de Sá foi ele quem a nomeou, em homenagem ao santo padroeiro do Rio de Janeiro e do rei Sebastião I de Portugal.
Em 1808, a família real portuguesa, liderada pelo príncipe regente Dom João VI, fugiu para o Brasil para escapar da invasão das tropas napoleônicas. Esse fato transformou o Rio de Janeiro na capital do império português, capital do Brasil que pertencia ao Estado da Guanabara, e trouxe um grande fluxo de imigrantes europeus para a cidade.
Assim, durante o século XIX, a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro aconteceu devido ao porto, que também foi importante para o comércio de madeira, pescados e cana-de-açúcar. Mais tarde, quando o ouro foi descoberto em Minas Gerais, a cidade se transformou no principal elo de ligação entre as minas e a Europa.
A partir de 21 de abril de 1960, com a fundação do Distrito Federal para Brasília (DF), no Centro-Oeste, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se uma cidade-estado independente. Em 1975, a cidade do Rio de Janeiro foi unida ao Estado do Rio de Janeiro e tornou-se capital.
Mas como aconteceu a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro?
Certamente podemos afirmar que existem vários motivos para a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro.
– Interesses políticos da família real portuguesa em criar laços de amizade com povos de outros países;
– Um projeto de Estado do Império Brasileiro, na segunda metade do século XIX, que pretendia “branquear” a população, uma vez que entre a elite era preconceituosa e havia o medo de que o Brasil virasse um pais negro;
– O fim da escravidão, que fez com que houvesse a necessidade de mão de obra nas lavouras das fazendas de café e cana-de-açúcar. Dessa forma, houve um incentivo do governo brasileiro, por meio de campanhas, para trazer imigrantes europeus para o Brasil;
– Alguns europeus conseguiram comprar terras e assim conseguiram plantar e vender seus produtos em pequenas quantidades;
– Necessidade de ocupar e proteger as fronteiras brasileiras;
– Desemprego provocado pela Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX;
– Fuga de conflitos e das guerras;
– O fato do Brasil ser visto na Europa como um país de muitas oportunidades, assim havia a tentativa de conquistar melhores condições econômicas e crescimento social.
Quais foram os imigrantes que vieram para o Brasil?
A chegada dos europeus ao Rio de Janeiro tem início com a história da imigração no Brasil, que se iniciou no século XIX. Dessa forma, durante todo o período colonial e monárquico, a imigração europeia no Brasil foi predominantemente portuguesa.
Entre os anos de 1808 a 1850, o país recebeu muitos imigrantes. Sendo considerada a última fase de entrada de imigrantes em 1930, uma vez que após esse período, para evitar o desemprego, houve medidas restritivas a imigração devido à crise econômica internacional, bem como a crise interna do café. Assim sendo, o maior período se dá entre 1850 a 1930!
Os fluxos imigratórios na Primeira República foram os mais expressivos. Entre 1887 e 1930 entraram no país 3,8 milhões de estrangeiros, dos quais 35,5% eram italianos, 29% eram portugueses e 14,6% eram espanhóis. Ou seja, quase 8 de cada 10 imigrantes era originário de um desses três países. Por fim, 3,7% eram alemães.
Dessa forma, os imigrantes contribuíram principalmente no setor rural, nas áreas industriais, comerciais e culturais.
Os imigrantes e o Rio de Janeiro
Com a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro, a formação sócio-territorial do Brasil não se deu de forma uniforme; ao contrário, os povos tendiam a se agrupar regionalmente, formando núcleos distintos. Entre os grupos que se destacaram na região carioca estavam os portugueses, suíços, alemães, espanhóis, italianos e poloneses.
Essa diversidade étnica e cultural se refletiu na composição profissional da cidade, com profissionais liberais e trabalhadores manuais encontrando espaço para se estabelecer. Enquanto os profissionais liberais buscavam oportunidades no Rio de Janeiro, os artesãos, sapateiros e alfaiates também empreendiam, abrindo pequenos negócios na cidade. Essa multiplicidade cultural não apenas enriqueceu as manifestações culturais, mas também promoveu uma variedade de expressões artísticas.
Em 1920, cerca de um quarto da população da cidade do Rio de Janeiro era composta por imigrantes. Em 2010, de acordo com o último levantamento específico realizado pelo IBGE, a cidade ainda mantinha uma significativa presença imigrante, ocupando a segunda posição no estado com 1.096 imigrantes por cada 100 mil habitantes. Na época do levantamento, o total de imigrantes na cidade era de 69.302, em uma população total de aproximadamente 6.320.446 habitantes.
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Curiosidades sobre a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro
1- Portugueses
Sem dúvida, a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro que permaneceu em maior número foi a dos portugueses.
Com a família real já instalada no Rio de Janeiro, a cidade tornou-se a primeira a contar com um império europeu fora da Europa. No fim do século XIX, o local já possuía 800 mil habitantes.
A economia local aumentou e proporcionou novas construções como a Biblioteca Real (Biblioteca Nacional) – a oitava maior biblioteca do mundo, o Teatro São João, igrejas, palacetes, indústrias e vias férreas (importante para produções agrícolas, especialmente o café). Inicialmente, o Rio de Janeiro contava com ruas irregulares e estilo português medieval e começou a ganhar iluminação a gás e transportes com tração animal. Mais tarde, em 1903, foram criadas avenidas, parques e também um novo porto.
Entretanto, uma das maiores contribuições portuguesas, especialmente para os apaixonados por futebol, foi a fundação do Clube de Regatas Vasco da Gama, por um grupo de remadores, em 21 de agosto de 1898.
Seu nome é em homenagem ao navegador português Vasco da Gama e suas cores também o honram. O preto remete aos mares do oriente desconhecidos e desbravados por Vasco da Gama, enquanto a branca simboliza a rota descoberta pelo almirante.
2- Italianos
Apesar de já haver italianos a serviço da corte portuguesa, os maiores registros da chegada dos europeus ao Rio de Janeiro, vindos da Itália, ocorreram entre 1906 e 1920.
Segundo um levantamento feito pelo IBGE, de 1906 a 1920, os italianos representam a segunda maior população, estando atrás apenas dos portugueses. Os dados apontam que 1,4 milhão chegaram ao Brasil, sendo que em 1906, 25.557 se concentraram na cidade do Rio, e, em 1920, 21.929 italianos.
Entretanto, ao contrário dos demais imigrantes europeus, eles não vinham diretamente da Itália, mas sim de outros estados brasileiros que haviam ocupado antes. Grande parte trabalhou como vendedor ambulante, mas também com trabalhos manuais de alfaiates, sapateiros, barbeiros, carpinteiros, além de atuarem como pedreiros, garçons e no segmento de hotelaria. Uma das principais curiosidades é que até hoje a maioria das bancas e distribuidoras de jornais do Rio de Janeiro ainda pertence a esse grupo.
Já entre os bairros ocupados pelos imigrantes italianos podemos destacar Andaraí, Irajá, Inhaúma, Campo Grande, Guaratiba, Santa Cruz e Glória.
Outro fato interessante é sobre os irmãos Pedro e Bartolomeu Ruggiero, que além de criarem o cinema Ítalo-Brasileiro, o primeiro da Zona Oeste, também foram os grandes responsáveis por introduzir no Carnaval os personagens do arlequim e da colombina.
3- Alemães
O dia 25 de julho de 1824 é considerada a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro, mais especificamente o marco da imigração alemã para o Brasil. Mas, desde 1808 eles já atuavam no comércio de exportação e importação, além dos muitos artistas, naturalistas e cônsules.
Na cidade do Rio de Janeiro a importância desse povo pode ser vista na arquitetura, na industrialização, bem como na inovação tecnológica com o uso racional do solo e os engenhos movidos a água. Além disso, precisamos falar sobre a culinária, as carnes salgadas e defumadas, as linguiças, as salsichas, a cerveja e o chope.
Entre as principais regiões que escolheram para viver estão Santa Teresa e Rio Comprido. Além disso, o Méier recebeu esse nome em homenagem ao dono daquelas terras, o acompanhante do imperador dom Pedro II Augusto Duque Estrada Meyer, que era alemão.
Outras fundações importantes são a sede da Sociedade Germânia, na Gávea; a Escola Superior de Desenho Industrial, na Lapa; o Hospital do Amparo, no Rio Comprido; o Hospital Central da Aeronáutica e o Instituto Cultural Brasil Alemanha (Goethe-Institut), no Passeio.
4- Um dos cartões postais do Rio de Janeiro, o calçadão de Copacabana é uma homenagem aos colonizadores
A chegada dos europeus ao Rio de Janeiro também fez com que as ruas de terra batida fossem substituídas por novos calçamentos. Assim, para trabalhar na “calçada portuguesa” de Copacabana, foi contratado um grupo de calceteiros, além de imigrantes Portugueses, Italianos e Holandeses.
Essa homenagem aos colonizadores foi projetada no início do século XX, com pedras pretas e brancas (calcita branca e basalto negro), importadas de Portugal e possui 4,15 km de extensão.
A ideia do traçado foi inspirada nas calçadas da Praça do Rocio, que fica em Lisboa, e que representam o encontro das águas doces do Tejo com o Oceano Atlântico.
E se antes as ondas eram perpendiculares ao comprimento da calçada, em 1970, o calçadão passou por uma reforma desenvolvida pelo artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx.
5- A chegada dos europeus ao Rio de Janeiro fez com que surgisse o termo carioca
A palavra carioca tem origem na língua Tupi-Guarani, para sermos ainda mais específicos ela é derivada de “Kari’Oka”, que significa “casa do homem branco”. Ou seja, os povos indígenas que moravam nessas terras utilizam o termo para os colonizadores portugueses que estavam habitando a cidade.
Mesmo tendo passado muito tempo desde a chegada dos europeus ao Rio de Janeiro, ainda hoje, a cidade continua sendo um importante centro de imigração no Brasil, com muitos imigrantes chegando à cidade em busca de trabalho e oportunidades. Esses imigrantes contribuem para a riqueza cultural e étnica da cidade, que continua sendo um dos destinos mais populares do país.
Com informações de: cpdoc.fgv.br; multirio.rj.gov.br; todamateria.com.br; brasilescola.uol.com.br; historiadobrasil.net; multirio.rj.gov.br; cidades.ibge.gov.br; br-visa.com.br; infoescola.com; exame.com; ashistoriasdosmonumentosdorio.blogspot.com.